domingo, 5 de fevereiro de 2012

 EVITANDO UM CASAMENTO A TRÊS 

Por essa razão, o homem deixará pai e mãe, e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne. Gênesis 2:24. Uma ideia tão antiga quanto a própria raça humana. Um versículo tão usado em casamentos. E mesmo assim, em muitos casamentos, ainda existe o perigo de envolvimento dos pais de um ou dos dois cônjuges. É impressionante perceber que muitos casamentos acabam por terminar porque o marido simplesmente apesar de casado não consegue parar de ser o filhão da mamãe. Ou esposas, que precisam da aprovação da mãe até mesmo para definir que tipo de roupas comprar para seu marido. A ideia de deixar parece que está esquecida.

Algumas pessoas relatam que tem alguns problemas sérios e com grande dificuldades em estabelecer seu novo lar. A mãe permanece com eles. Esse texto poderá ajudar você a entender que as coisas podem ser diferentes. Só que elas envolvem cortar, mais uma vez, o cordão umbilical.

O texto é interessante porque percebemos entre alguns casais que um dos cônjuges está tendo de, pela primeira vez, se mudar para longe da família, por motivo de emprego em outro estado, ou até na mesma cidade, mas longe dos familiares. Que sofrimento está sendo para certos casais. Quantas vezes não passou na cabeça de um deles desistir do casamento, e ficar na zona de conforto na qual sempre viveu. Uma decisão dessas envolve não apenas aspectos financeiros, mas é quase como arrancar um pedaço de si. No momento, as coisas parecem sem rumo, sem direção, sem sentido, e parece que nunca mais vai ser como antes. Mas, aconselhando o casal, lembramos que isso é passageiro. Que crescer, amadurecer, ser uma nova pessoa, dói. Muitas vezes envolve abrir mão de coisas antigas, de coisas cultivadas durante tanto tempo, para abrir espaço para receber as coisas maiores e melhores que estão para vir.

E, por fim, escrevo esse texto também para dizer que já enfrentei em minha própria família essa dificuldade, e vi quanto uma pessoa sofre, se sente insegura, por não saber o que o futuro reserva. Diante do desconhecido, todos sentem muito medo.

Contudo, algo que posso garantir que será uma realidade é o fato de que no futuro, essa mudança, esse abandono forçado da zona de conforto fará muito sentido, e mostrar-se-á ter sido a melhor escolha. Tenho certeza, porque é isso que sempre tenho visto acontecer em situações semelhantes. E, quando a pessoa não decide seguir adiante, abre mão da oportunidade de sair da zona de conforto, acaba perdendo a chance de crescer na vida, de alcançar novas perspectivas, e acaba tendo uma vida comum, ordinária, medíocre.

O que dá sentido e colorido à vida são os desafios que temos que enfrentar. E o maior deles é o desafio de crescer, de ultrapassar os limites de nossa própria perspectiva e da nossa força. Só quando temos que enfrentar situações que no forçam a ir além do que estamos acostumados, descobrimos uma força em nós da qual não tínhamos ideia.

Dificuldades para deixar pai e mãe. Certos pais e filhos têm dificuldade de se separarem, mesmo no casamento, por duas razões principais:

Primeira, quando os pais não conseguem se libertar emocionalmente dos filhos. Eu sei que você já viu pais assim. São aqueles que para tudo precisam ligar para o filho. Se precisam ir ao centro, trocar uma roupa, liga para a filha ir junto, e faz chantagem emocional. Se precisam fazer uma viagem, pedem para o filho procurar a passagem, e marcar. Há até mesmo aqueles pais que decidem se mudar para a casa dos filhos, e simplesmente se tornam uma cruz para a vida do filho ou da filha, do genro/nora e dos netos. São pessoas que são tão apegadas aos filhos, que nunca conseguem abrir mão deles. É como se colocassem correntes de ferro na perna dos filhos, e nunca permitem que eles se dirijam para muito longe do local onde o pai ou a mãe se encontra. O que esses pais não percebem é que ao fazerem isso, estão destruindo a vida dos filhos. E o pior é que eles aprisionam seus filhos por meio de chantagens emocionais, de se mostrarem completamente dependentes, de até mesmo se fazerem passar por pessoas em sofrimento se não forem ajudados pelos filhos. E os filhos, seja por gratidão, seja pela moral que possuem, seja mesmo por pena, aceitam esse tipo de papel que o pai exerce em sua vida, e se tornam escravos desse pai ou mãe.

Mas existe um segundo caso, também. É o caso daqueles filhos que não conseguem se libertar emocionalmente dos pais. No casamento, parte do processo envolvido é o de trocar a fonte principal de emoções dos pais para o cônjuge. É o marido/a esposa que devem ser a fonte de alegria, satisfação, a referência para se pedir conselhos, etc. Lógico que de vez em quando é necessário o contato com os pais, com pessoas mais velhas, pois há dificuldades que uma ajuda externa seria muito melhor. O problema é quando os pais tornam-se referência para tudo. Conheço um casal que se separou porque, segundo a esposa, o marido tinha que pedir para o pai dele até mesmo para ter intimidade com ela. Que mulher se sente segura em casar com alguém que não sabe nem mesmo gerir suas próprias emoções? E que marido vai se sentir satisfeito de viver com alguém que é o reflexo de sua sogra? (Ok, há sogras que são um amor… a minha, por exemplo, e a da minha esposa também). Mas, em geral, essa dependência que a mulher tem da sua própria mãe faz com que seu marido simplesmente vá se separando emocionalmente dela. Imagine só, todos os segredos que ele conta para ela, ela vai e fala para a mãe. Fica comentando sobre os defeitos dele, as coisas que ele faz bem, e até mesmo da intimidade deles. Isso pode destruir o casamento. Isso pode acontecer também entre o filho e a mãe. O que é ainda pior, pois a confiança é a base da segurança da mulher no casamento.

Lidando com o envolvimento dos pais. Agora, eu citei aqui dois problemas que são os mais comuns do envolvimento dos pais na vida dos filhos casados. Pode ser que você tenha um problema um pouco diferente, mas espero que essas dicas também sirvam para você:

 Em primeiro lugar, é necessário se estabelecer limites. Só que quem mais precisa de limites é você. Você, que passa por isso, é quem está permitindo que seu pai ou mãe interfira em sua vida. É você quem permite que ele/ela opine sobre sua esposa, sobre sua casa, sobre seus negócios. Por isso, você precisa, em primeiro lugar, entender que tudo isso acontece porque você permite.


Em segundo lugar, você precisa entender que agora o relacionamento entre você e seu cônjuge é mais importante do que qualquer outro relacionamento afetivo anterior. Isso inclui seus pais. O mandamento de honrar os pais não significa deixá-los dependentes de vocês. Significa honrá-los, e sempre mantê-los num lugar carinhoso no coração. Se você permite que seus pais ainda sejam a presença mais importante de sua vida, com o tempo, ao invés de honrá-los você irá é criticá-los, recriminá-los, e pode até mesmo se revoltar contra eles.

Terceiro, se isso está acontecendo com seu cônjuge, procure ajudá-lo(a) a ver como isso está destruindo a vida de vocês, e como é necessário que vocês estabeleçam limites muito claros sobre o envolvimento de outros na intimidade emocional de vocês. Se necessário, procure ajuda profissional com alguém que você perceba que seja de confiança, pois isso pode envolver traumas emocionais muito profundos, e um conselheiro, psicólogo, terapeuta pode ser uma boa ajuda.

Edson e Sueli - Ministério para as Famílias Diocese de Maringá

Um comentário:

  1. muito bom o texto. não sou dependente dos meus pais, mas as vezes eles sao dependentes de mim.
    as vezes faço favores a eles e minha esposa fica irritada. eu a entendo pois ao inves de fazer coisas para eles eu poderia estar fazendo coisas para nós. só que o besta aqui não sabe dizer não!

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