segunda-feira, 1 de agosto de 2011


Aconteceu de novo. Há pouco tempo, revi a dificuldade de alguns pais em lidarem com filhos adolescentes. Vi a emergência de comportamentos de rebeldia, má-educação, falta de respeito, falta de afeto e carinho, e aparentemente, falta de amor. O filho no período da adolescência é um grande desafio para seus pais. No entanto, não precisa haver desespero. Os pais podem enfrentar essa perspectiva com esperança e segurança de que poderão passar bem sucedidos nessa fase. Se você é pai de adolescentes, espero que esse texto ajude-o a refletir sobre o que fazer. Se você ainda não é, espero que sirva para fazer você refletir sobre o preparo que você precisa ter para enfrentar essa fase.

Definindo Adolescência. Mas afinal, o que é a adolescência? Podemos entender a adolescência como um período de transformação e reorganização das relações familiares. A principal transformação é a mudança que ocorre no processo unilateral de autoridade exercida pelos pais. Eles deixam de ser a voz de comando, porque são pais, e passam a um processo de autoridade mútua, no qual os adolescentes partilham do processo de tomar decisão, e exercitam quantidades crescentes de responsabilidades sobre seu próprio comportamento.

Ou seja, é um processo de transformação de criança para um adulto. E isso é algo muito ameaçador para muitos pais. De uma hora para outra, aquilo que parecia muito certo e seguro se torna algo que constantemente confronta os limites, as ordens, e os regulamentos. Devemos atentar para o fato de que independente do que aconteça a palavra final ainda deve ser dos pais. Os filhos começam a desenvolver um processo de participação na decisão, mas em assuntos relevantes, a palavra final é sempre dos pais.
Esse limite é muito importante de ser estabelecido para os adolescentes. Eles sentem-se capazes de superar quaisquer dificuldades. Mas precisam entender que apenas junto com os pais eles poderão obter segurança na vida. Eles ainda não estão prontos, nem possuem visão e maturidade de vida suficientes para decidirem tudo acerca de sua própria vida.

Muitos filhos começam a apresentar, nessa fase, uma mudança de comportamento gigantesca para com seus pais. Isso ocorre porque eles estão começando a se separar do papai e da mamãe. Se os pais não estiverem atentos para esse processo, podem ou impedirão esse amadurecimento na responsabilidade, ou simplesmente pular etapas, e dar liberdade total.

Esses dois extremos precisam ser evitados. O propósito principal dos anos da adolescência é que o filho ou a filha alcance a independência. Eles precisam entender quais os limites, quais as crenças, valores e decisões são importantes para eles.

E esse processo não tem um momento determinado para começar. Cada indivíduo passa por isso num momento diferente. O que desencadeia esse processo de independência, de busca de autoafirmação são as experiências da vida, o momento sociocultural no qual o sujeito está inserido. Portanto, você pode ter crianças com 9 anos já no processo de adolescer, e adultos de mais idade ainda vivendo como crianças, na casa dos pais, sem buscar independência financeira, social e emocional. Mas, esse período de transformação não precisa ser o pior momento da vida familiar. Como pai, você pode tomar posições mais adequadas para se preparar melhor, e à sua família, para o processo de adolescer, de independência de seu filho.

Aqui vão algumas dicas:

Eduque-se sobre isso. Existem muitos livros e informações disponíveis na nossa sociedade atual para preparar os pais para a adolescência. Não ache que você já sabe de tudo. Prepare-se intelectualmente para enfrentar esse período de seu filho buscando literatura sábia e que seja de acordo com seus valores. E não espere que chegue esse momento em sua família para começar a se preparar para isso. Essas atitudes de conhecer mais devem ser tomadas antes de seu filho ou filha chegar na adolescência.

Estabeleça um padrão de diálogo com seu filho. Um grande facilitador do processo de ser pai ou ser mãe durante a adolescência é se já houver sido estabelecido um canal aberto de comunicação entre pais e filhos. A adolescência vai ser mais ou menos traumática dependendo de como se estabelecer a relação e o diálogo com os filhos nos anos anteriores. Coloque seu filho como prioridade em sua vida. Não permita que os anos passem sem que você entenda o que seu filho faz, gosta, quer, e está se tornando. Se por acaso você já vive com um filho adolescente em casa, e ainda não estabeleceu esse canal aberto de comunicação, não desanime. Nunca é tarde para começar. Identifique coisas que ele gosta de fazer, coisas pelas quais ele se interessa, e passe a conversar com ele sempre sobre essas coisas. Demonstre que está realmente interessado em conhecê-lo mais. E não desista, mesmo que a princípio não pareça estar funcionando. O seu filho ou filha vai testar você, pai ou mãe, para ver até onde você está realmente interessado em aprender mais dele. Demonstre que seu interesse é perseverante. Não desista!

Lembre-se de que você já foi um adolescente. Não tente estabelecer sua autoridade como se seu filho ou filha não soubesse de nada, que precisasse sempre falar com você sobre tudo. Lembre-se de quando você foi adolescente. Lembre-se de coisas que eram seus segredos, de coisas que você fez que foram erradas, e de como se sentiu. Lembre-se de tudo o que você sentiu falta e não recebeu. Se você se lembrar que também foi adolescente um dia, vai entender que seu filho está passando por algo que você já passou, e vai entendê-lo muito melhor.

Saiba escolher os conflitos. Isso é algo muito importante. Há lares nos quais os pais desaprovam qualquer atitude do filho ou da filha. Parece que eles não querem dar espaço para nada que seja diferente do que estão acostumados. Como disse na dica anterior, não se esqueça que você já teve aquela idade um dia. Por isso, selecione os limites de comportamento que você não vai tolerar, mas quanto ao mais, permita que seu filho ou filha aja diferente de vocês pais, e que ele tenha liberdade de escolher coisas diferentes. Mas sempre o limite deve ser dado por vocês.

Estabeleça as expectativas. Como essa fase é um processo de amadurecimento e independência do adolescente, estabeleça o que você espera dele, e quais as consequências de não serem alcançados tais alvos. Adolescentes precisam aprender que ações têm consequências, e que eles podem escolher o que fazer se estiverem prontos a arcar com os resultados de suas ações. Vocês, como pais, precisam lembrá-los de que toda a ação gera uma reação, pois isso gera responsabilidade.

Fique atento para sinais de perigo. Se houver uma mudança muito brusca em determinado comportamento, fique atento, pois o adolescente pode ter saído da linha. Ele pode ter passado dos limites com respeito aos hábitos alimentares, a uso de substâncias prejudiciais, ou mesmo a hábitos não saudáveis de vida. Por isso, se houver alguma mudança  muito brusca, de algo não esperado, pode haver necessidade da ajuda de um profissional.

Estabeleça os limites. O adolescente sempre precisa de limites. Mesmo que ele os questione, ele precisa saber que há limites para o que ele pode ou não fazer, ou o que deve ou não fazer. Deixe bem claro os limites, e as consequências de esses limites não serem respeitados. Acima de tudo, lembre-se que seu filho ou filha adolescente está observando tudo o que você faz. Você é o exemplo do que ele deve ser quando crescer. Você o ensina não apenas pelas suas palavras, mas muito mais pelas suas ações. Assuma você também essa responsabilidade: a de viver os princípios que você deseja que seu filho tenha na vida.


Edson e Sueli - Ministério para as Famílias Diocese de Maringá