terça-feira, 22 de março de 2011

Tsunami no Japão – Alguém Está Ouvindo?


“Alguém está me ouvindo?” Esta era a insistente pergunta sem resposta. Os donos da casa cuidavam de seus próprios narizes, indo e voltando do trabalho, do mercado, do mecânico, da escola, do salão, sem tempo de ir até a porta checar quem batia. Mas o visitante era, educado, porém, persistente. Continuava lá, batendo palmas, chamando nomes, tocando a campainha, enfrentando o cachorro no quintal. Debaixo do sol escaldante ou da chuva torrencial, não havia quem o fizesse arredar o pé.

Sabia que estavam em casa. Ouvia as vozes pelo lado de fora. As crianças que ora gritavam, ora choravam, ora davam gostosas gargalhadas. Como lhe fazia bem ouvir o riso delas. Escutou quando o marido reclamou da enxaqueca que o incomodava desde a hora do almoço. Ah, a enxaqueca. O acompanhava desde menino, voltando todas as vezes em que se sentia pressionado. E a mulher? A mulher não falava nada. Mas Ele ouvia o que ela dizia. Ouvia pelos olhos baixos, pelos ombros caídos, pelos suspiros recorrentes. Ela sentia falta da juventude, do amor apaixonado, dos bilhetes do homem amado grudados no espelho. E Ele, só Ele, sabia.

Já há tantos dias, meses e anos estava lá fora. Quase perdera a noção do tempo enquanto os observava. Será que não iriam responder nunca? Desde o Jardim do Éden, esse é o clamor desesperado de um Deus que ama. “Onde você está?”, foi a primeira pergunta do Criador para a criatura rebelde. E ali começava a sina da busca, da espera, da entrega. Do chamado.

A partir dali, Ele passou a ir a cada figueira frondosa que escondia humanos envergonhados, a cada caverna que ocultava profetas medrosos, a cada palácio que guardava adúlteros covardes, a cada beco que encobria adolescentes fumantes de crack. Ele usou todas as estratégias, todos os instrumentos, todos os meios para se fazer ouvir.

No Egito, permitiu a escravidão, para ver se compreendiam a liberdade. Libertou, para ver se entendiam seu poder: fez água virar sangue, gafanhotos surgirem em vendavais, cair chuva de pedras. Amansou um faraó raivoso, abriu o oceano. Ordenou às nuvens que os cobrissem do calor, mandou fogo para que não sentissem frio à noite. À semelhança de um pai, que deseja poupar o filho pequeno dos buracos na estrada.

Não houve quem O escutasse. Não houve quem atendesse a porta. Mas Ele não desistia. Ensinou a lei. Talvez, pelas letras, pudessem compreender o que é amar sem medidas. Fez-se acessível, escreveu na linguagem dos mortais, com a caligrafia divina. E, outra vez, não foram capazes de perceber o amor escrito em versos, naquela poesia de dez estrofes. Passaram a crer no Deus que cerceia, que proíbe, que impõe. Será que haveria uma forma de fazê-los escutar?

Mas não havia quem escutasse. Nenhuma resposta. Não, Ele não podia continuar longe. Talvez fosse esse o problema. Talvez, se Se tornasse como eles… Quem sabe, pudessem ouvi-lO. Encobriu a divindade que O afastava do alvo do seu afeto, e sujou os pés ao lado deles. Lavou-se com a mesma água, comeu o mesmo pão, queimou-se pelo mesmo sol. Sentiu saudade – sentimento mais humano não há. Foi homem por inteiro, para (quem sabe?) alcançar os homens aos pedaços. Finalmente o ouviriam?

A surdez das criaturas levou-os às últimas conseqüências. E a única resposta que deram foi uma cruz no alto de uma montanha rasa. Será que não vestiu as roupas apropriadas? Não falou a linguagem correta? Não obedeceu às regras? A verdade é que não havia quem O escutasse. Ou quem tomasse tempo para abrir a porta. Ele falou com bênçãos. Falou com maldições. Falou com voz mansa, e falou com voz revolta. Falou por símbolos, por palavras. Por figuras, por pessoas. Por gestos, por curas, por milagres.

E hoje Ele falou mais uma vez. Falou pelas ondas. Ondas que, cansadas de observar a surdez humana, resolveram sair em defesa de seu Criador. Levaram dor aos que estavam por perto, porque falaram alto demais. E quem poderá reclamar? A onda gigante gritou aos que puderam ouvir: “Abram a porta!” E em uma escala nunca antes vista, arrastou a arrogância ensurdecedora do homem, como se fossem brinquedos de uma criança sendo levados pela água da chuva. E os homens debatem-se, impotentes, incapazes de reagir. São, de fato, meninos. A natureza entrou no coro, batendo à porta, batendo palmas. Falando baixo, falando alto. Gritando. Alguém será capaz de escutar? Ele insiste: “Alguém está me ouvindo?”

“Quando essas coisas começarem a acontecer, fiquem firmes e de cabeça erguida, pois logo vocês serão salvos.” (Lucas 21,2)

Vamos abrir a porta do "Nosso Coração" para que o Senhor entre para que não deixemos o inimigo arrombá-la, pois entre o AMOR de Deus e o ÓDIO do inimigo, com certeza precisamos atentar para o primeiro, dando-lhe passagem e abertura, peçamos ao Espírito Santo para que nos conduza sempre a um caminho de abertura para as coisas do Senhor.
Edson e Sueli - Ministério para as Famílias - GO Raio de Luz
Coordenadores da Diocese de Maringá

Um comentário:

  1. talvez não seja necessário somente abrir as portas de nossas casas e de nossos corações, temos que deixar Jesus habitar em nossas vidas em período integral. obrigado coordenadores por nos ensinar a permitir que isso aconteça, mesmo que as vezes pareça que seja impossível, mas temos a certeza que podemos voltar e recomeçar.

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